terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Pop na vida e na morte

Todos os dias vejo postagens em redes sociais sobre como tal música foi feita pra tal pessoa, como tal filme é um retrato fidelíssimo sobre tal evento de tal época de tal pessoa... A pior parte é que os mesmo que ficam bradando isso aos quatro ventos são aqueles que acham isso bonito!
Alguns anos atrás assisti ao filme "Foi Apenas um Sonho" com Leonardo DiCaprio e Kate Winslet e, por pura coincidência, havia acabado de sair de um relacionamento consideravelmente desastroso. Assim que começam a passar os créditos finais, começo a sentir uma depressão deveras assustadora. Percebo que a relação amorosa horrenda entre os personagens principais era um retrato quase perfeito do desastre romântico de que falei há pouco (com papéis invertidos, eu era o equivalente ao DiCaprio. Quem conhece o filme não precisa me julgar). Mas não achei isso legal, ou místico, ou nada do gênero, o que eu quis foi me isolar do mundo! Um evento tão complicado na minha vida se resumiu a duas horas na tela! Diálogos inteiros foram reproduzidos na peça quase-fictícia com uma ressonância absoluta nas discussões que tive poucos meses antes.
A parte que me assustou foi a dúvida. Será mesmo que somos tão sem graça a ponto de uns poucos minutos ou umas poucas horas de manifestações artísticas são o bastante pra nos resumir? Cada pessoa é realmente uma maquininha quebrada que entrou em looping em termos de relações com outras pessoas? 
Nesse blog nos propomos a discutir eventos e ideias relacionadas à cultura pop, mas em nenhum instante consideramos o impacto psicológico que essas discussões podem ter, se trazidas no nível apropriado para tal. Sim, gostamos de rock, jazz, terror, vinil... Mas e daí? O que isso significa realmente? Queremos ouvir Dead Weather por ser agradável e diferente, ou por refletir alguma coisa nossa de um jeito fiel? Preferimos Hellraiser a Sexta Feira 13 por sensibilidade artística, ou por termos um ego tão grande a ponto de nos identificarmos com demônios e não com psicopatas? E quem lê e gosta dos textos daqui, acha que encontrou almas gêmeas nos autores?
Será que a cultura pop tem um poder muito maior do que antecipamos? Ou será que somos simples ao ponto de uma música de dois minutos e meio fazer a gente chorar com lembranças do passado?

Eu admito, sou egocêntrica demais. Ouço as baladas românticas do Bob Dylan e fico pensando "realmente, [nome censurado] foi um babaca. Mas não foi culpa minha", e o evento do "Foi Apenas um Sonho", acabei  preferindo acreditar que foi apenas um caso isolado! Graças a essas conclusões vaidosas me sinto capaz de julgar os playboyzinhos e as patricinhas que saltitam pelo mundo com esses discursos no estilo "bob marley é do c*****o! eh minha cabeça inteira!" (eu sei, eu sei... Mas foi tirado do twitter. Realmente vi esse texto). Reconheço também que esse discurso "tenho muitas falhas e sei quais são" não deveria me habilitar pra falar do ridículo dos outros, mas algumas coisas não dá pra segurar...

A tradição entre a gente é trazer coisas novas, pois bem. Queria convidar a todos os leitores pra algum tipo de resposta. Propus várias perguntas, todas relativas ao universo popular. Que tal tentarmos respondê-las? Eu já defendo a tese de que o ser humano é uma criatura medíocre e com pouca imaginação no que se trata de relacionamentos (amoroso, de amizade, de trabalho, o que for...), alguém discorda? 
Se algo tão superficial como o pop nos retrata com fidelidade, alguém consegue discordar, ou somos todos "another brick in the wall"?


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